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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Artigo do Presidente - RECEITA PARA MATAR







*Por Antônio Eustáquio Vieira - Tonhão



             Como as pessoas na maioria das vezes se informam por meio de catástrofes, temos a certeza de que muitos lerão este artigo em decorrência do título.

              Infelizmente o ser humano a cada dia que passa vem perdendo suas características de equilíbrio e de responsabilidade para com a vida.

              Constantemente acompanhamos com muita preocupação nos noticiários, a respeito do colapso que estamos na eminência de viver pela falta d’água.

              Por todos os cantos da região Sudeste do Brasil a situação é demais preocupante, principalmente por ser a região mais populosa e a que mais produz nossas riquezas.

              O Rio São Francisco está agonizando e com isto levando ao desespero  todas as comunidades que dependem de suas águas para viver.

              Sua vazão média que era de aproximadamente 3400 metros cúbicos por segundo, estaria hoje a menos de 600 metros cúbicos por segundo, se não fossem as barragens para a geração de Energia Elétrica, que atualmente despejam 1100 metros cúbicos por segundo no Oceano Atlântico.

               Isto nos mostra claramente que a bacia do Rio São Francisco está doente pois, mesmo com a diminuição das chuvas, não está com capacidade para reter em seus solos, as águas que caem todos os anos para abastecer seus corpos d’água, por meio das milhares de Nascentes e Veredas existentes por toda a bacia.

               A ocupação desordenada e irresponsável, o uso do solo sem critérios, aliados ao uso excessivo de água sem os cuidados necessários  estão nos fazendo vítimas de nós mesmos.

               Por termos nos tornado seres gananciosos e sem solidariedade e só termos em mente o desenvolvimento a quaisquer custos, desrespeitamos os demais mecanismos que fazem parte do equilíbrio planetário.

               A omissão do poder público e irresponsabilidade das pessoas comuns são os principais ingredientes desta receita para matar.



* Tonhão é Presidente do Movimento Verde de Paracatu
Biólogo – Especialista em Gestão Ambiental – Educação Ambiental – Gestão de Cidades e Planejamento Urbano




Tem uma Anta no meio do caminho



*Por Jueli Cardoso


Em sociedade com alguns amigos, possuo um refúgio de campo na bacia  do Prata, próximo à pousada e à cachoeira do Ascânio. É um local de descanso e convívio com a natureza onde costumamos fazer longas caminhadas pela serra e ótimos banhos de cachoeiras. Águas boas e límpidas, cachoeiras, várias nascentes de veredas, que vão descendo e formando o Córrego que vai desaguar no Rio Escuro, somando-se ao Paracatu e formando as águas da bacia Sanfranciscana. Cerrados típicos e campos preservados fornecem um último refúgio a animais ameaçados.


No dia 23 de maio deste ano de 2014, caminhando na serra, às 8 horas da manhã, deparei com duas antas enormes atravessando a estrada logo a minha frente. Estavam transpondo o espigão entre as cabeceiras de duas nascentes. Tentei acionar a câmara do celular, mas não consegui a tempo. No outro dia estavamos eu e o Elsão caminhando um pouco abaixo, na mesma serra e nos deparamos com um caititu que estava correndo de um dos nossos cachorros (não caçador). Há meses atrás vimos um casal de veados e todos os dias ouvimos o canto das siriemas. Vestígios de tamanduás e lobos, encontramos sempre. Cobras raras como caninanas (papa-pinto) e muçaranas (cobra boa) são  vistas de vez em quando. Notícias de onças nas redondezas sempre são ouvidas. Isso mostra que ainda existe um bom nível de integridade ambiental na bacia.


Para a preservação do local criamos uma associação (AMPRA-Associação de Amigos e Produtores de Águas do Prata) que promove várias ações como monitoramento das águas, conscientização dos moradores quanto ao lixo, queimadas, desmates e caçadas. Em parceria com a Polícia Ambiental monitoramos a bacia principalmente alertando quanto aos desmates e repressão a caçadores.


Neste mesmo dia da visualização da anta fizemos uma vistoria na bacia, eu, o Helder, e um destacamento da Polícia Ambiental. Passamos pela maioria das propriedades para conhecerem as cachoeiras e verificarem os empreendimentos, aproveitando para orientar os moradores e avaliar a adequação ambiental do uso e preservação das nascentes. Essa visita adveio de uma notícia que tivemos de que alguns proprietários das lavouras acima das nascentes querem perfurar poços tubulares (artesianos), para montar irrigações com pivots centrais. Na propriedade onde se localiza o veio principal da nascente do Prata visitamos duas surgências, das cinco existentes no local, onde a água jorra em grande quantidade e com pressão que a faz elevar-se acima do solo. Momento raro de exemplo de pujança das águas.


Não constatamos a perfuração de poços nas lavouras e estamos buscando informações desses licenciamentos nos órgãos ambientais. Essa notícia nos preocupou muito tendo em vista que existência de poços tão perto das nascentes fatalmente vão causar impactos danosos à quantidade e à qualidade das águas do manancial.


Nas lavouras acima, de propriedade da PAUSA, descobrimos que no ponto em que houve uma recuperação de vegetação, onde haviam desmatado em Área de Preservação Permanente e o IEF, SEMEA e UnB fizeram um trabalho de replantio, foram novamente desmatadas as espécies ali replantadas. E mais preocupante ainda, foi a notícia que tivemos, informando que essa propriedade quer retirar a Reserva Legal, que se situa em uma área de várzea, continuidade do talvegue da nascente. Querem mudar a reserva para outra bacia e usar o local da reserva atual para a lavoura. Acontece que a reserva legal atual está apropriadamente localizada em uma área de recarga de águas da bacia. Ao ser retirada, pela nossa avaliação, arruinarão completamente as nascentes do Prata. Será um dano irreversível!


Então refletimos que parece haver uma hipnose nos donos do agronegócio, fazendo com que não vejam a verdade sobre os danos causados ao meio ambiente por essa atividade. Estão cegos e não visualizam o mal que estão fazendo com a degradação ambiental do desmatamento e com o uso de agrotóxicos. São umas “antas”!...Pensam apenas no dinheiro imediato que vão colocar no bolso. O ditado popular atribui o apelido de “anta” a uma pessoa ignorante ou mal intencionada. É verdade que faz uma má avaliação do animal, mas encaixa-se perfeitamente como qualificação àqueles empreendedores do agronegócio.  Muitas lutas nos esperam para retirar estas segundas “antas” do meio do caminho do ciclo das águas.


Vamos precisar de todo mundo!




*Jueli Cardoso é editor do Portal de Notícias Opção Popular - Engenheiro Civil - Especialista em Ecologia e Meio Ambiente – Atualmente está Cursando Eng. de Segurança do Trabalho


NÓS TAMBÉM VIRAMOS CARRANCA PARA DEFENDER O VELHO CHICO!

VEJA QUANTA GENTE RENDE HOMENAGENS AO VELHO CHICO COM A SUA ARTE


quarta-feira, 28 de maio de 2014

MOVER RECEBERÁ A COMENDA ANTÔNIO SECUNDINO DE SÃO JOSÉ PELO RELEVANTE SERVIÇO AMBIENTAL

SECRETÁRIO ANDRÉ MERLO SERÁ AGRACIADO COM A COMENDA ANTÔNIO SECUNDINO DE SÃO JOSÉ



O Conselho Diretor da Comenda Antônio Secundino de São José, elegeu nesta quarta-feira (7), as 11 personalidades que serão homenageadas este ano. A reunião para definir os agraciados foi realizada no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte e contou com a presença do chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Renato Sousa, representando o secretário André Merlo.

A solenidade de entrega da Comenda será realizada em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, durante a 56ª Festa Nacional do Milho (Fenamilho), entre os dias 6 e 15 de junho e contará com a participação de todo Sistema Operacional da Agricultura por meio de um estande, onde serão apresentados os programas e as ações da Emater, IMA Ruralminas e Epamig.

A Comenda Antônio Secundino de São José é uma das mais importantes do setor agropecuário e foi criada em 1991. Ela é outorgada pelo Governo do Estado, anualmente, a personalidades e instituições que prestaram e continuam prestando relevantes serviços a favor do desenvolvimento da agropecuária, do saneamento e do meio ambiente.

Antônio Secundino
O inspirador da comenda, Antônio Secundino de São José, nasceu na Fazenda do Onça, no então distrito de Santa Rita dos Patos, hoje município de Presidente Olegário. Em 1931, formou-se como engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura do Estado de Minas Gerais, em Viçosa. Foi estudar no exterior, e, quando retornou, fundou a Agroceres, empresa que há 60 anos se dedica à pesquisa de sementes e ao agronegócio, responsável pela introdução do milho híbrido no Brasil.

Homenageados
Tonhão receberá a Comenda Antônio Secundino  durante a Fenamilho 2014
Receberão a homenagem este ano: o secretário de Agricultura de Minas Gerais, André Merlo, o deputado estadual Deiró Marra, a professora da UFMG Zélia Inês Portela Lobato, o representante do Sindicato de Sete Lagoas Jadir Maurício Lanza Rabelo, o presidente da ONG Movimento Verde, Antônio Eustáquio Vieira, professor da Ufla Nilton Cury, o pesquisador da UFV Sérgio Yoshimitsu Motoike, o reitor da Unipam, Milton de Castro Teixeira, o artista plástico Vicente Nepomuceno, o assessor da Liderança do Governo na ALMG, Jorge Caixeta e o membro da Loja Maçônica de Patos de Minas, Osvaldo Ferreira Filho
Para o secretário de Agricultura, André Merlo, é uma honra receber uma homenagem tão importante, principalmente que é uma indicação feita pela Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), que trabalha em parceria com a Seapa o que demonstra o reconhecimento pelas propostas de desenvolvimento para o agronegócio. Merlo diz que pretende fazer jus a indicação. “Fiquei muito orgulhoso e alegre, sempre atuei no setor agropecuário e pretendo trabalhar ainda mais agora na Secretaria.” a homenagem, além de perpetuar a memória de Antônio Secundino, destaca e valoriza aqueles que trabalham em prol da agricultura, pecuária e abastecimento, bem como do meio ambiente e da sustentabilidade. “Trata-se de uma solenidade que ganhou projeção nacional e leva a Patos de Minas as mais expressivas personalidades políticas e do agronegócio do país”.


O prefeito de Patos, Pedro Lucas ressaltou a grandeza do evento. “Esta homenagem é de grande significado não apenas para Patos de Minas, mas para todos que contribuem para o fortalecimento da agropecuária. E como acontece junto da Fenamilho seu significado é maior ainda”. Disse ele.

Participaram da reunião os conselheiros: o chefe de Gabinete da Secretaria de Agricultura, Renato Sousa, deputado estadual Hely Tarquínio, professor da UFV Rubens Alves de Oliveira, o prefeito de Patos de Minas, Pedro Lucas Rodrigues, a representante da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Estado de Minas Gerais, Maria Celma Carvalho, professor da UFMG José Aurélio Garcia Bergmann, professor da Ufla Renzo Garcia Von Pinho, diretor da Faemg Rodrigo Sant’Anna Alvim, o secretário-adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Danilo Vieira Júnior e o prefeito de Presidente Olegário, Antônio Claudio Godinho.

Audiência Pública na Câmara discute efeitos das vazões no rio São Francisco



Em audiência pública realizada na Câmara Federal, em Brasília (DF), nesta terça-feira (27.05), as comissões de Meio Ambiente e a de Desenvolvimento Regional da Amazônia debateram, de forma conjunta, os efeitos da redução das vazões do rio São Francisco à jusante da barragem de Sobradinho e os danos provocados pela baixa defluência do rio. Atualmente, a bacia hidrográfica do Velho Chico sofre os fortes danos provocados pelo nível atual do rio, com efeitos sentidos desde a preservação da espécies das águas até os de ordem econômica.


A Câmara dos Deputados poderá criar uma subcomissão específica para se debruçar sobre as temáticas relacionadas ao Velho Chico, bem como promover mesas redondas pra debate, tanto na própria casa quanto nos estados banhados pelo rio. Antes de se concretizar, as propostas apresentadas pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), precisam da aprovação do plenário legislativo.


Durante a audiência pública, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, foi um dos expositores da audiência, juntamente com o gerente-executivo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), Saulo Nascimento Cisneiros, e o superintendente da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Guedes Gondim. Durante a reunião, realizada no plenário 2 da Câmara, Miranda apresentou um breve histórico das reduções de vazão do rio e uma perspectiva de aumento dos conflitos pelo uso da água na região da bacia.


Miranda apontou para a urgente necessidade de definição de regras claras com vistas à regulação do nível do rio. “Trata-se da defluência como questão emergencial, mas um emergencial que se prolonga e prolonga a agonia de um rio que está no limite de sua capacidade de doação hídrica para a geração de energia elétrica”, afirmou ele. Como forma de evitar que o problema se prolongue, Anivaldo Miranda cobrou o mais completo cumprimento da lei 9.433/97, a chamada Lei das Águas. Dentre outros pontos, a legislação preconiza que a prioridade no uso das águas é para o abastecimento humano.


O argumento de Miranda é o de que as águas do São Francisco têm sido utilizadas como prioridade na geração de energia elétrica, indo de encontro à legislação. “E a baixa vazão atual do rio se reflete também na questão econômica. Cito, como exemplo, a possibilidade concreta do fechamento da última grande empresa de navegação, a Icofort. Outro exemplo está no fato de a companhia de abastecimento de água de Alagoas, a Casal, ter apresentado uma fatura de cobrança pelos prejuízos a ela causados na captação de água para o abastecimento humano”, citou.
REPRESENTANTES DOS CBHS LIGADOS AO RIO SÃO FRANCISCO


PACTO

O presidente do CBHSF propôs a articulação do chamado Pacto das Águas, através do qual se estabeleceria a gestão articulada dos recursos da bacia hidrográfica. “O Pacto das Águas é o nosso chamado ‘freio de arrumação’, é o que nós mais queremos, com o objetivo de preservar as águas são-franciscanas”, concluiu Anivaldo Miranda. Ainda no plenário da Câmara Federal, disse que o quadro apresentado no Sistema Cantareira, em São Paulo, é o que acontece no Velho Chico “há muito tempo” e defendeu que o sistema elétrico é quem precisa se ajustar à capacidade do rio e não o inverso.


O gerente-executivo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), Saulo Nascimento Cisneiros, garantiu que o órgão busca fazer as compensações entre as bacias hidrográficas. Questionado pelo deputado Assis Carvalho (PT/PI) sobre a possibilidade de integração de bacias como forma de garantir a vida, Cisneiros se posicionou favorável, mas também cumpriu a sua parte como representante do governo federal e defendeu a transposição das águas do rio São Francisco. Para ele, num futuro muito próximo, a sociedade ainda irá agradecer as obras.


O superintendente da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Guedes Gondim, disse que a ANA tem o papel de regular os níveis dos reservatórios. O objetivo, segundo ele, seria o de evitar tanto os períodos de seca quanto os de cheia, reduzindo os danos às populações que moram no entorno de tais reservatórios, mas concorda com a necessidade de definição de regras claras para a gestão das águas do Velho Chico.


Ascom do CBHSF

terça-feira, 20 de maio de 2014

Brasil é o quinto maior produtor mundial de resíduos e recicla apenas 3% do que é descartado

 
O País tem registrado um aumento constante na geração de resíduos, porém não avança em termos de reciclagem
Do total de 63 milhões de toneladas de lixo geradas por ano no Brasil, mais de 30% têm potencial de reciclagem, mas apenas 3% dos resíduos urbanos são efetivamente reciclados, segundo alerta a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.


“Quinto maior produtor mundial de lixo urbano, o Brasil viu seu volume de resíduos crescer 21% na última década, muito acima do índice de crescimento da população, que foi de 9,6% no período”, destaca Carlos Silva Filho, diretor-presidente da ABRELPE. As iniciativas de reciclagem, contudo, não cresceram na mesma proporção e atualmente apenas 60% dos municípios brasileiros têm “alguma iniciativa” de coleta seletiva. “Isso não significa que esses municípios tenham coleta seletiva em todo o seu território ou que contem com um programa formalizado porta a porta, apenas indica que o município está aberto ao tema”, observa o executivo.


De maneira geral, o índice registrado tem relação direta com o trabalho dos catadores, que fazem a separação do material proveniente da coleta urbana a céu aberto e sem estrutura adequada, algumas vezes em lixões ou aterros controlados – destinos considerados inadequados segundo a Política Nacional de Resídios Sólidos (PNRS). Aprovada em 2010, esta política estabelece o mês de agosto deste ano como data limite para que os municípios deem destinação adequada a seus resíduos, o que inclui encaminhar as ações de gestão integrada de resíduos, observando a ordem de prioridade de ações: reduzir, reutilizar, reciclar, promover o tratamento e a recuperação e apenas como última opção fazer a disposição dos rejeitos em aterros sanitários.



Para que as metas estabelecidas sejam alcançadas é preciso a sensibilização e o envolvimento do cidadão, que tem um papel a cumprir em prol do meio ambiente e de uma qualidade de vida melhor. “É preciso implementar programas permanentes de esclarecimento e incentivos à separação do lixo, com o estabelecimento de punições para descarte de materiais recicláveis no sistema regular de limpeza urbana”, comenta Carlos Silva Filho.
O sistema de coleta seletiva e de reciclagem no Brasil sofre com vários gargalos ao longo da cadeia e até hoje não conseguiu se estabelecer como um setor da economia, com o potencial que se apresenta pelo volume de materiais descartados. O processo desenvolvido é praticamente todo manual, sem nenhuma coordenação ou gestão e não conta com um mínimo de incentivos para crescer.


“Alguns gargalos são bastante latentes, como a falta de instrumentos econômicos para a reciclagem, com pouco ou nenhum investimento realizado nessa área, no sentido de permitir uma economia de escala. Isto prejudica o processo de comercialização e de vendas destes materiais”, conclui o diretor-presidente da ABRELPE.


Para fomentar discussões a respeito de uma gestão integrada e sustentável dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e apontar caminhos e soluções viáveis para os municípios brasileiros, a ABRELPE trará para o País, em setembro, o ISWA 2014 - Congresso Mundial de Resíduos Sólidos e o Fórum Global de Resíduos da ONU, nos quais serão apresentados casos de sucesso de várias partes do mundo.



Sobre a ABRELPE (www.abrelpe.org.br)
Criada em 1976, a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empresas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.


Sua atuação está pautada dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável e seu objetivo principal é promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de resíduos sólidos no Brasil.


Comprometida para o equacionamento das demandas decorrentes da gestão de resíduos, a ABRELPE desenvolve parcerias com poder público, iniciativa privada e instituições acadêmicas e, por meio de campanhas, eventos e premiações, busca conscientizar a sociedade para a correta gestão dos resíduos.


No contexto internacional, a ABRELPE é a representante no Brasil da ISWA - International Solid Waste Association e sede da Secretaria Regional para a América do Sul da IPLA (Parceria Internacional para desenvolvimento dos serviços de gestão de resíduos junto a autoridades locais), um programa reconhecido e mantido pela ONU através da UNCRD -Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional.



segunda-feira, 19 de maio de 2014

BH desenvolve programas de conscientização para a importância da reciclagem

Silas Scalioni - Estado de Minas
Publicação: 19/05/2014 

Na Asmare, catadores de recicláveis fazem a separação, o enfardamento e a comercialização do material reaproveitável recolhido na capital (Edésio Ferreira/EM/DA Press - 4/12/12)
Na Asmare, catadores de recicláveis fazem a separação, o enfardamento e a comercialização do material reaproveitável recolhido na capital


Alguma vez você já pensou na quantidade de lixo que uma cidade produz em um só dia? E o quanto de problema isso pode causar, como gastos com aterros sanitários, mau cheiro e propagação de doenças, além de agressão ao meio ambiente? Papéis, plásticos, metais e vidros, embora sejam produtos em quantidades menores do que restos de comida, também contribuem para a totalidade do lixo de uma cidade. Mas há como reaproveitá-los, transformando-os em novos objetos e ajudando, assim, a diminuir esses problemas. 

Quando há reciclagem, consequentemente, há uma diminuição da quantidade de lixo e, portanto, uma redução dos problemas oriundos dele. Com isso, poupa-se dinheiro, já que obter plástico, vidro, papelão ou metal a partir de matéria-prima natural é bem mais caro; economiza-se energia, pois gasta-se menos na reciclagem do que na obtenção por fontes naturais; e conservam-se os recursos naturais, como árvores (usadas para fabricar papel), petróleo (matéria-prima para o plástico) e minérios (para obter metais). Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que cada tonelada de papel reciclado poupa cerca de 22 árvores, economiza 71% de energia elétrica e reduz em 74% a poluição do ar.

Reciclagem, portanto, deve ser um trabalho de conscientização, desenvolvido principalmente em casa e nas escolas, pois um mundo mais saudável vai depender muito das ações de cada cidadão. “É nosso dever criar essa consciência nas pessoas e torná-las corresponsáveis pela situação”, afirma Clarissa Germana Pereira de Queiróz, chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Segundo ela, hoje, a SLU aproveita todos os espaços da cidade em que haja resíduos para desenvolver programas, de acordo com diferentes faixas etárias, de conscientização da importância da reciclagem de lixo. “Fazemos isso em escolas, inclusive levando alunos a conhecer os aterros sanitários, em comunidades e também em locais onde identificamos essa necessidade. Trabalhamos em conjunto com as secretarias municipais, para que, nos eventos que promovem, possamos mostrar essa importante cadeia da vida e como as pessoas devem agir. Só de saber separar resíduos secos dos úmidos já ajuda na hora de uma coleta”, diz.

Completando, ela concorda que fazer a reciclagem em casa não é uma tarefa simples, pois é necessário processos industriais para isso. “Porém, o morador pode ajudar muito nesse processo, fazendo uma coleta seletiva do lixo, que consiste em separar o material orgânico do reciclável, que deve ser encaminhado para empresas recicladoras ou deixado à disposição de pessoas ou empresas que retiram o material de casas, prédios, escolas e até de indústrias.”

CATADORES Além de contribuir com o meio ambiente, outro aspecto positivo da reciclagem é que o cidadão irá ajudar muitas pessoas que trabalham com coletas. Há cooperativas de recolhimento de material reciclável na capital, como a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte (Asmare), entidade que reúne, desde 1990, catadores de rua. A associação é responsável pela coleta de cerca de 450 toneladas de material por mês. “Isso dá uma pequena mostra do quanto esse trabalho alivia um aterro sanitário”, observa o vice-presidente da Asmare, Alfredo Souza Matos, conhecido como Índio. Segundo ele, se não existisse trabalho, um aterro, que tem uma vida útil de 16 meses, teria esgotada sua capacidade em bem menos tempo. Cada belo-horizontino produz, em média, 700 gramas de lixo/dia, o que faz um total de cerca de 4.500 toneladas/dia para a capital. 

O meio ambiente se beneficia também com a ação dos catadores. Cada quilo de material retirado das ruas é uma quantidade de lixo a menos que poderia correr para as bocas de lobo da cidade, resultando em menor risco de enchentes e redução da poluição das águas. Outro ganho é com o trabalho de reciclagem que a Asmare faz em suas oficinas e que transforma os seus catadores em verdadeiros cidadãos. “Antes, eles eram considerados marginais e mendigos.”

NA INDÚSTRIA Boa parte do material recolhido é vendido a empresas que trabalham com reciclagem industrial. José Antônio Coelho, diretor da Reciclagem Santa Maria, com unidades em Contagem, Sete Lagoas e em cidades do Sul de Minas, explica que quase tudo pode ser reciclado. “Sucatas de ferro são enviadas a indústrias, que vão criar novos produtos com o metal; a madeira pode ser transformada em biomassa e utilizada em caldeiras, por exemplo; e o plástico, nós mesmo o derretemos e o transformamos em bolinhas, que poderão ser reaproveitadas em vários produtos. Muitos resíduos de materiais diversos são usados pela indústria de cimento”, afirma.

Com os resíduos eletrônicos, segundo ele, é preciso mais cuidado, para evitar poluição. Geralmente, quando se tem um produto descartado em mãos, como computadores, impressoras etc., o que se faz é quebrar o equipamento e separar os materiais. “O que é possível reciclar na fábrica, como plástico e madeira, nós o fazemos e depois vendemos. Já aquilo que não podemos reciclar, como cobre, ouro e outros metais, separamos tudo e enviamos às indústrias específicas. Enfim, nada se perde e nada é poluído, se agirmos dessa maneira”, completa.

 (Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Personagem 
da notícia

ELZA MAGDA DA SILVA, Síndica e incentivadora da coleta seletiva de lixo

Síndica já há quatro administrações de um prédio de 16 apartamentos no Bairro Coração de Jesus, Elza Magda da Silva é uma grande incentivadora da coleta seletiva de lixo e faz isso pela mais pura consciência de que atitudes assim contribuem para uma vida mais saudável do planeta. “Não temos, nas dependências do prédio, coletores especiais de lixo. Mas já consegui introduzir aqui algumas regras que estão dando certo. Lixo reciclável do tipo papéis, papelão, plástico, tecidos, fios etc. devem ser guardados em sacos pretos e colocados em um aposento próprio do prédio. Outros tipos de lixo, como garrafas, latas, vidros, metais etc. são depositados em caixas de papelão no mesmo local. No dia em que o caminhão de recolhimento passa, colocamos todo o material para fora do prédio um pouco antes”, 

explica. Uma comprovação de que o sistema está dando certo, segundo ela, é que os catadores de lixo ficam de olho nesse depósito. “Muitas vezes, quando o caminhão passa, grande parte desse lixo já foi recolhido pelos catadores, o que mostra que o material foi bem separado”, diz ela, que dá algumas dicas para a separação e acondicionamento do material a ser descartado: “Tente diminuir o tamanho das garrafas PET e de latinhas, amassando-as com as mãos ou pisando sobre elas, e não se esqueça de fechar as tampas das garrafas; separe os papéis e rasgue-os em pedaços ou empilhe as folhas, em vez de amassá-las, uma vez que papel amassado ocupa mais espaço e dá mais trabalho para guardar; e crie o hábito de lavar, se possível, com reutilização de água, e secar as embalagens tetrapack e dobrá-las, sempre que possível, para não 
fazer volume.”

Dicas de reciclagem

1 – Em primeiro lugar, deve-se fazer a coleta seletiva, que consiste em separar três tipos de resíduos: o lixo orgânico, o lixo material não reciclável e o lixo material reciclável (veja em Relação 1).

2 – O lixo reciclável deve ser limpo antes de ser separado para a reciclagem. É porque potes, frascos e embalagens sujas podem gerar cheiros ruins, além de atrair insetos, ratos e outros animais. Assim, antes de enviar o lixo para a reciclagem, lave as garrafas de refrigerante, os potes de iogurte e as caixas de doces. Faça isso, de preferência, com a água reaporoveitada das lavagens de louças, por exemplo.

3 – Há certos materiais que não são recicláveis, mas que não devem ser descartados no lixo comum, por serem capazes de levar certo grau de poluição e contaminação ao meio ambiente. São os equipamentos eletrônicos, as pilhas, as baterias de celular e as lâmpadas. Esse material deve ser entregue em locais apropriados. Alguns estabelecimentos comerciais já os recolhem para encaminhá-los às empresas que fazem o descarte de forma apropriada, sem prejudicar o meio ambiente.

4 – Entenda que nem todo lixo não orgânico pode ser reciclado. Portanto, é importante conhecer quais resíduos materiais devem ser separados, mas não podem ir para o processo de reciclagem (veja em Relação 2).

Estes sim
Materiais que podem ser separados na coleta seletiva e encaminhados à reciclagem: potes, garrafas e embalagens de plástico e vidro, papel sulfite, jornais, papelão, revistas, embalagens de metal, materiais de ferro, garrafas PET, sacos plásticos, canos de plástico ou metal, tecidos, couros, fios elétricos, pregos e parafusos.

estes não
Materiais não recicláveis: papel carbono, papel celofane, etiquetas adesivas, fitas adesivas, fotografias, latas de tinta e verniz, esponjas de aço, embalagens metalizadas, espumas, cabo de panela, esponjas de limpeza, embalagens de produtos tóxicos, vidros temperados, espelhos, porcelana, cerâmica, vidros refratários, cristais e isopor.

Só crise leva a proteção da terra

Especialista em biodiversidade e mudanças climáticas destaca que soluções ambientais só acontecem quando o mundo passa por um grande susto
13 de Maio de 2014

Foto Projeto
Crédito: Carlos Rhienck/Hoje em Dia
Em matéria de capa o jornal Hoje em Dia de segunda-feira, dia 13.05, destaca uma entrevista especial com o engenheiro metalurgista Milton Nogueira, especialista em desenvolvimento econômico, biodiversidade e mudanças climáticas e consultor internacional de diversas organizações ambientais.

Ele foi um dos criadores do Instituto Industrial de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), ajudou no Programa Nacional do Álcool Automotivo, na implementação de projetos da extinta Vale do Rio Doce, na Amazônia. Além disso, atuou por 17 anos em uma agência de desenvolvimento industrial da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi o único mineiro que integrou a equipe de peritos revisores do quinto Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPPC, na sigla em inglês), divulgado em 30 de março, em Yokohama, no Japão.


Na visão de Milton Nogueira, para transformar a realidade é preciso uma mudança cultural radical da população, dos políticos e de empresários, na forma de produção e consumo de bens em todo o mundo. Ainda em entrevista ao jornal, ele destacou que a sociedade só vai despertar para o problema quando passar por uma crise de escassez mundial.


Acompanhe a entrevista:


Em 2013 tivemos recorde de chuva em Belo Horizonte. Neste ano, escassez. O que está acontecendo?
É a violência do clima, que passa a atuar nos extremos, sempre ligado à água, seja na falta ou no excesso. E isso causa prejuízos, por exemplo, na agricultura. Se há ondas de calor na hora errada, as plantações são destruídas. Isso também impacta em todos os vetores de epidemia, aumentando doenças como dengue, malária entre outras. Não precisamos esperar 80 anos para ter problemas. Eles já estão ocorrendo, afetando ricos ou pobres.


A que se pode atribui esses extremos?
São consequências do excesso de seis gases de origem de atividade humana, da atividade industrial, como o gás carbônico, o metano, o óxido nitroso.


Especialistas afirmam que a Terra sempre teve variações climáticas. Não seria uma coincidência essa mudança com os gases e isso acelerando o processo?
Já foram estudados historicamente os recordes climatológicos, tanto para 100 anos, mil e até 600 mil anos atrás. E notou-se, inequivocamente, a interferência dos últimos 200 anos, ou seja, a época da civilização industrial. Não é uma coincidência. Tivemos um período em que o sol esquentou, isso ocorre a cada 12 anos. Assim como a temperatura do corpo aumenta durante o mês em todas as fêmeas, também ocorre com o planeta. Se essa mulher estiver de febre, o calor foi acima do normal. A Terra também é assim e o aquecimento global é acima dos ciclos.


Como avalia o cenário da agricultura, daqui a 20 anos, no Brasil e no mundo?
Se olhar as tendências das últimas décadas, a produção de alimentos é ligeiramente maior que a necessidade da população mundial. Não faltará comida. Mas então porque há cerca de 800 milhões de pessoas subnutridas? É porque os mecanismos para distribuição são incapazes de chegar lá. O mercado, por definição, entrega produtos para quem tem poder de compra. Quem não tem, fica subnutrido. Não é uma questão só de oferta e demanda, mas também de mecanismos de mercado insuficientes. Há países na Europa que queimam manteiga todo ano em termoelétricas, pois não conseguem levar o produto para quem precisa dessa proteína. Além disso, as mudanças do clima estão causando um problema insolúvel. Há um excesso de gás carbônico se misturando nos oceanos, que está acidificando as águas. Quando isso ocorre, os corais morrem e são eles a fonte de alimentos de várias espécies de peixes. Toda a cadeia é afetada. Ainda há a pesca ambiciosa para atender mercados. Todos os cardumes do mundo estão em colapso. Até alguns anos atrás, os oceanos respondiam por 40% das proteínas do consumo humano. Se isso faltar, a solução passa a ser a vaca e o porco. Mas ai caímos em outro problema, que são os gases emitidos pelos bovinos, aumentando a emissão do gás carbônico. Estamos em uma sinuca. Não há saída fácil.


As futuras gerações terão vida mais difícil por causa do clima?
Sim. O cenário que está por vir, mostrado no relatório do IPCC, é de dar calafrio. Variação de temperatura, queda na produção agrícola, desaparecimento de cardumes, desflorestamentos, guerra civil por causa de migrações. Não há melhoras em nenhuma parte do globo.


Há boa vontade das empresas para mudar esse cenário?
Não nas empresas. Elas são dirigidas com o objetivo de lucro. Não são entidades beneficentes. Isoladamente jamais diminuirão o desperdício, que está em toda a cadeia de produção. Apenas entre 30% e 40% do que é produzido nos campos chega à mesa. Se perde em transporte, armazenamento. É preciso uma mudança cultural e repensar essas cadeias. Em primeiro momento, a saída seriam políticas para evitar o desperdício. Um exemplo são promoções pague 2 e leve 3. Esse terceiro é um desperdício, pois ou você engorda ou o produto vai para o lixo.


Temos indústrias que não param e a mídia que incentiva a cultura do desperdício. É um cenário que não tende a mudar tão cedo?
Mas pode mudar se houver uma vontade coletiva, até em prazo curto. Daí o papel da mídia. Um mal exemplo é o cigarro. Na década de 1930, os médicos começaram a denunciar os prejuízos para a saúde. As indústrias colocaram lindas mulheres em propagandas e em filmes. Passaram-se mais de 50 anos e ainda morrem 4 milhões de pessoas por ano pelo fumo. Porém há um bom exemplo, a Aids. Na década de 1980 foi descoberta, a medicina estudou, identificou-se os grupos de risco e entraram as políticas públicas, mostrando a solução e conseguiram bloquear o avanço da doença.


Para evitar a mudança há forças políticas, lobbies industriais e empresários que não querem reduzir lucros. Como resolver isso?
Há empresários que veem lucro na solução da mudança do clima. Como o redesenho da lata da cerveja. Aquele que conseguir lançar uma latinha reutilizável, sai na frente.


Quando mudaremos a cultura do desperdício?
Não é prazo de dez, 20 anos. É quando houver um evento marcante, uma grande crise, seja econômica ou até uma guerra de grandes proporções. Em 2001, o Brasil passou um susto com a carência de energia elétrica e houve reação. As soluções vêm quando coletivamente se passa um susto. A Segunda Guerra Mundial foi episódio que obrigou os países europeus a repensar o consumo. Há um sentimento de conservadorismo dos governantes, de não mexer muito, de que manter do jeito que está é melhor do que tentar. Isso é andar para trás, é suicídio, inclusive político.


Muito se cobra dos países, enquanto nações. Mas e os estados, municípios e o cidadão?
Todo cidadão tem responsabilidades. O que se espera é que os mecanismos de divulgação das coisas, como a mídia, esclareça e convença sobre o hábito do consumo, de desperdício. Mudar a relação do uso das energias fósseis, como mais metrô e menos carro. Aceitar as relações de preços diferentes para produtos danosos para a natureza. Concordar com a ideia de imposto sobre o carbono. São o que as lideranças regionais podem fazer. É como se fosse a fase que a civilização sai do cavalo para entrar no veículo, o que ocorreu há 120 anos. De repente, mudou-se a tecnologia. É o que precisa ocorrer agora. Uma nova forma de organizar a sociedade que aceite o problema, que é coletivo, e todos sofrerão se não tiver solução.


O transporte público é uma das soluções?
No caso das cidades, sim. A emissão de gases por quilômetro percorrido por passageiro é muito diferente a cada modal. O mais econômico é o caminhar, depois a bicicleta, depois o metrô. O pior é o automóvel. Por várias razões, o mundo ocidental, e China e Japão caminham para o carro. É preciso o entendimento pela população, sistema empresarial e político, de que o carro é um vírus e estamos com febre.


Você acha que investimentos feitos em Belo Horizonte, com o BRT, são eficazes?
Estão no caminho certo, mas é preciso fazer mais. Aí entra a questão da vontade política. A tecnologia não falta e nem o capital. O dinheiro é mal utilizado.


Há uma série de reuniões mundiais para mudar esse cenário, como a Rio+20. Quais são os resultados desses encontros?
São várias reuniões, em que as partes fazem acordos para um período de tempo. São decisões de definição de responsabilidades e direitos. Na conferência de Copenhague, em 2009, houve uma tentativa de um acordo geral para todos os assuntos sobre o clima. Politicamente foi impossível, pois havia muita desconfiança. No ano seguinte, em Cancún, estabeleceu-se a meta de limitar o aumento da temperatura da Terra em, no máximo, dois 2ºC acima do período pré-industrial. Atualmente, estamos com pouco menos de um grau. Com a temperatura subindo, mesmo se parássemos de emitir todo o gás carbônico, ficaria mais quente. Então já passou da hora de diminuir.


De onde se tirou esse número?
Por que 2ºC e não 3º? Pois percebeu-se que a violência dos extremos são tão grandes, que não se imagina a existência da humanidade com 3, pois aumentaria as catástrofes exponencialmente. No ano seguinte, em Doha e depois na Polônia, foram acordados os mecanismos para limitar nos 2ºC, como um superfundo para ajudar os países mais vulneráveis. Não necessariamente os mais pobres. Esse dinheiro viria do imposto do carbono. Quer consumir? Então paga-se pesado para desencorajar o desperdício. Essas reuniões buscam políticas públicas entre países para reduzir emissões dos gases. O Brasil tem posição de liderança nesses encontros, pois metade de sua matriz energética é renovável, enquanto nos Estados Unidos é 6% e na China, 2%. A humanidade precisa aprender maneiras para produzir sem aumentar o efeito estufa.


O que foi proposto na Rio+20 teve efeito prático?
Teve dentro do que foi proposto, mas há dificuldade de implantação. O foco foi a pobreza mundial, que aumenta cruelmente. Um copo de água limpa por dia resolveria metade das enfermidades, mas não existe dinheiro para resolver isso. Há uma incoerência. Enquanto existirem doenças endêmicas, há mercado para remédios. A solução simples de um copo de água destruiria esse mercado. Na Rio+20 surgiram várias recomendações sobre a maternidade, como melhorar a má relação alimentícia da mãe com o bebê. Outro tema foi a mudança do clima. Se há alteração acelerada, há falta de comida ou água, prejudicando a população, que fica mais pobre, pois precisa gastar mais para comprar coisas de fora. Tudo está interligado.

"EU VIRO CARRANCA PRA PROTEGER O VELHO CHICO!"

VOCÊ SABIA QUE ESTAMOS NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO?
ENTÃO JUNTE-SE A NÓS E VAMOS TODOS VIRAR CARRANCA PRA DEFENDER O VELHO CHICO!


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Secretário de Estado de Meio Ambiente e outros quatro funcionários de alto escalão da Semad são afastados do órgão

Grupo é acusado de favorecer MMX para que atividade não fosse embargada, mesmo após constatação de depredação ao patrimônio espeleológico e ao meio ambiente
13 de Maio de 2014

Cinco funcionários de alto escalão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) foram afastados do órgão por decisão da 8ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte. Entre os acusados estão Adriano Magalhães, secretário de Estado de Meio Ambiente, e Maria Cláudia Pinto, subsecretária de Gestão e Regularização Ambiental Integrada. A suspeita é de que o grupo omitiu informações que favoreceram a MMX Mineração e impediram que as operações da empresa fossem embargadas após constatada depredação ao patrimônio espeleológico e ao meio ambiente.

A denúncia partiu do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que obteve autorização da Justiça para interceptar ligações telefônicas dos suspeitos. As gravações auxiliaram na busca por indícios de que a Semad suprimiu, do processo de licenciamento ambiental e de seu banco de dados, autos de fiscalização e de infração na mina da MMX. Os documentos apontavam a necessidade do embargo das atividades da companhia em virtude dos danos causados.

De acordo com reportagem do jornal Hoje em Dia, analistas ambientais da Semad fiscalizaram o empreendimento em abril de 2012. Na ocasião, foi constatada a necessidade de paralisação das operações uma vez que o nível de degradação ambiental poderia resultar em impactos negativos graves e irreparáveis ao patrimônio natural e cultural nas áreas de ocorrência de cavidades subterrâneas da Mina Serra Azul.

Em dezembro de 2013, uma nova fiscalização verificou a supressão de quatro grutas e, em outras três, a averiguação foi impossibilitada por se encontrarem em área de grande instabilidade, conforme informações do jornal. Os técnicos concluíram que a degradação se agravou por falta de embargo das atividades, como havia sido determinado há mais de um ano, e emitiram novo auto de infração. Segundo a reportagem, até 31 de março de 2014 a MMX não havia recebido qualquer auto de infração ou sofrido o embargo das atividades, o que reforça a tese de omissão da Semad.

Os funcionários foram afastados de seus respectivos cargos após a posse do novo secretário de Meio Ambiente, Alceu José Torres, em abril.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Em 33 anos, país perdeu mais que uma Costa Rica em áreas verdes protegidas


Não é só na motosserra que o Brasil perde florestas. O país perdeu 5,2 milhões de hectares nos últimos 33 anos por decreto - é algo equivalente ao Rio Grande do Norte. Neste período, 93 parques nacionais e outras unidades de conservação sofreram redução de área ou tiveram seu status de proteção relaxado, ameaçando a biodiversidade. Quase 75% desta perda aconteceu na Amazônia entre 2008 e 2012. Os principais motivos são projetos de hidrelétricas, pressão do agronegócio e urbanização.

A reportagem é de Daniela Chiaretti, publicada pelo jornal Valor, 13-05-2014.

Entre 1981 a 2012 "o Brasil deixou de proteger uma área maior que a Costa Rica", diz o biólogo Enrico Bernard, responsável pelo laboratório de ciência aplicada à conservação da biodiversidade do departamento de zoologia da Universidade Federal de Pernambuco. Ele coordenou o estudo "Redução, Declassificação e Reclassificação de Unidades de Conservação no Brasil" que analisou o ato de políticos que afetaram as áreas protegidas em todo o país.

A perda de florestas na caneta das autoridades pode ficar ainda mais grave. Projetos de lei no Congresso, se aprovados, afetarão outras áreas protegidas em Rondônia e no Pará. Mais 2,1 milhões de hectares estão sob risco, segundo Bernard. O estudo não incluiu áreas indígenas e quilombolas.


Nas últimas décadas, florestas foram afetadas em 16 Estados desta forma. Foram atingidas 69 áreas de proteção integral - estações ecológicas, reservas biológicas e parques nacionais, os tipos de unidades de conservação onde a biodiversidade é mais protegida. O mesmo aconteceu com 24 unidades de uso sustentável, onde podem, por exemplo, viver populações tradicionais.

"Começamos a observar um movimento no Brasil de mudança sistemática dos limites de parques e reservas", diz Bernard. "Alguns tiveram seu status de proteção relaxado, outros perderam área ao terem seus limites alterados e teve até os que deixaram de existir."

Esta dinâmica ficou estável de 1981 (data do início do estudo), até 2000. Foi quando entrou em vigor o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Conhecida como "lei do SNUC", classificou as unidades de conservação criando duas categorias - as de proteção integral e as de uso sustentável. Dentro delas há uma dúzia de tipos que vão desde as reservas biológicas (onde só pesquisadores estão liberados) até as áreas de proteção ambiental, as APAs, menos restritivas e que permitem ocupação humana e até indústrias.

Um ano depois de a lei do SNUC vigorar ocorreu um grande movimento de reclassificação das unidades de conservação, no esforço de adequá-las à nova lei. Esse fato Bernard considera positivo. Bem ao contrário do que aconteceu a partir de 2008, no segundo mandato do governo Lula. De 2008 a 2012, início da gestão Dilma Rousseff, unidades de conservação perderam área, outras foram reclassificadas e encaixadas em tipos onde se permite mais atividade econômica, ou sumiram do mapa. Isso ocorreu, por exemplo, com o Parque Estadual Corumbiara, em Rondônia, que deixou de existir como área protegida em 2010.

Bernard relaciona a recente perda de florestas à publicação, em 2007, da Matriz Energética Brasileira - 2030. "Ali se lê que para atender a uma demanda maior de energia elétrica anual até 2030, todos os grandes rios amazônicos terão que ser barrados e abrigar hidrelétricas", diz o pesquisador.

Como a lei do SNUC não permite que empreendimentos avancem sobre unidades de conservação, o governo federal promulgou o Decreto 7154/2010 permitindo estudos de potencial hidrelétrico em caso de interesse público. O decreto, na interpretação de Bernard, teve como efeito colateral o estrago nas florestas protegidas.

De 2010 a 2012 foram 21 unidades de conservação a ter seus limites afetados na Amazônia. O governo Dilma agiu desta forma em 2012, por exemplo, para viabilizar o complexo das usinas do Tapajós. "Nas áreas estaduais o processo é mais grave ainda porque não passa pela mídia ou pela sociedade", diz o coordenador do estudo.

"A maioria dos grandes rios brasileiros nasce dentro de unidades de conservação", diz Bernard. "Florestas, ao menos em parte, são responsáveis pelo volume de água das chuvas. Se o regime hidrológico for alterado, o funcionamento das hidrelétricas ficará comprometido. É um tiro no pé."

O Brasil tem 886 unidades de conservação federais, 729 estaduais e 147 municipais. As de uso sustentável são 1214 - quase 70% do total. É o maior sistema de unidades de proteção do mundo.

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO EM TEMPO REAL

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SISTEMA INTEGRADO DE DADOS AMBIENTAIS